sábado, 8 de novembro de 2014

NÃO. NÃO DOEU NADA...

Eu no fundo sei porque me sinto assim em relação as pessoas que não são minha família. Quando falo em minha família me refiro a minhas irmãs. Meu irmão. (Embora que meu irmão esteja tão afastado de nós... Houve um tempo que pareceu que estava mais presente... Mas foi quando mamãe partiu para a glória... Aquele tempo da perda... Da ausência... Do luto...)
Mas não faz mal. Ele sempre foi assim. E não é por isso que o amamos menos. Sentimos sempre sua falta porque é nosso único irmão. 
Mas cada um é cada um. E naturalmente também não quer dizer que ele nos ame menos. Penso que os homens são diferentes mesmo que nós mulheres. Frágeis. ( nem tão frágeis assim...). Se diz que os homens são a razão e nós as mulheres coração. Talvez seja isso. 
Tudo bem. 
Eu mesma tenho algumas coisas em mim que continuam travadas. Nada parece simples. Eu deveria estar feliz (radiante...) por meus filhos estarem mais próximos. Querem reunir-se (o que super normal...) para almoços... Domingos... Estar junto. Eu não sei o que acontece. Eu fico um tanto apavorada. Estou com  depressão camuflada do "está tudo bem". Mas estou quebrada por dentro. Passei tantos anos em tanta solidão que agora tudo bem como um grande tormento. Ser normal. Ser normal com meus filhos. Normal com minhas noras. Com meus netos. 
Minhas noras estão sempre afastadas. Nunca ficaram a vontade comigo. Talvez porque eu não tenha permitido isso. Quando permiti... Para elas  também foi difícil. Ou é difícil. 
A verdade é o dia a dia. É esse que vale. Não vejo que por estar atravessando tudo isso um almoço vai resolver. Sei que é um início. Um primeiro passo. Mas não são mais palavras. É o dia após dia. É o estar presente. Caminhar junto. 
É conversar olhando no olho. É ficar perto. 
Lembro que sempre dizia para meu marido que ele estava errado em relação a mãe dele. Ela vinha e ele simplesmente se afastava. Ia embora. Nunca ficou para conversar. Para abraçar. 
Soube que no tempo que ficamos separados houve uma aproximação entre eles. Coitada! Ele vivia alcoolizado ( e drogado...). Ela ficou no meu lugar sofrendo as agruras daquele inferno. Meu Deus! O que foi tudo aquilo? Um terrível pesadelo que nunca findava. 
Acho que estar com pessoas (como foi hoje com uma prima...) que fizeram parte do seu passado... Que sabe ou que soube... Enfim... É como agora mostrar o "resto" ( o lixo...) que sobrou daquele inferno. Daquela escolha que acabou com nossas vidas. Com minha vida. Eu e meus filhos somos sobreviventes de um grande tormento que foi a chamada "família". 
É como se tentasse sempre "evitar" o que restou de mim. Uma pessoa deprimida. Velha. Gorda. (comendo compulsivamente as frustrações...). Usando prótese... ( não prestei mais depois de me sentir mutilada naquela cadeira do dentista...) Chorei tanto que pensei que não sobrariam mais lágrimas para o futuro. Quanta loucura. 
Aí me isolo. Não porque quero morrer. (querendo morrer para descansar desse tormento interior... Que nunca se acaba... Que martiriza por dentro... )É a vida. Me custa tanto viver. Meu grito é para a vida. Mas me sinto estranha em meio a tudo isso.
Não sou normal. Sendo totalmente normal. 
E de fato não dou nada. Não dói. Porque sou uma pessoa simples. Que gosta de falar e brincar (sorrir e chorar... abraçar... estar junto... Consolar... Beijar... Afagar as mãos em um carinho...)No entanto tudo me custa. Custa porque porque por dentro estou quebrada. Sempre quebrada. 
Talvez sejas as dores intensar pelo meu corpo. A dor que nunca para. Nunca cessa. A fé que esmorece. Fica enferma. Alquebrada. 
Minha tia completou 80 anos. Olhava para ela... Com o olhar vago... Distante... Silenciosa... As vezes sorria... Se falasse com ela... Também falava... Se não... Era ali simplesmente uma aniversariante quase ausente... Corpo presente... Mas sua alma? Sua vontade? Seus pensamentos?
Ouvindo a bagunça... As vozes... Os risos... O choro preso... As mesmas conversas de sempre... Receitas... Querendo emagrecer... E sempre vendo nós comermos compulsivamente. Que loucura. Tadinha. Talvez desejasse ardentemente deitar-se... Escapar daquele ambiente barulhento... Tudo ao mesmo tempo... Não. Talvez também para ela não dou nada. É a vida que segue. Mais um dia que findou... E amanhã? Amanhã a Deus pertence. Em Nome de Jesus. 

08.11.14   (23.40)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Não quero que esteja do meu lado por causa da saúde. Da obrigação se fazer presente. Um filho não precisa ligar para perguntar se... se... se... Não é preciso dizer nada. Apenas um abraço compensa toda dor. Toda tristeza. 
Lembro de eu ter dito sim que era para desabafar. Mas foi em uma situação. Para privar maninha de me ver tão caída. Então disse para ele vir aqui. Usar de naturalidade com o que somos (com o que sou) para minha irmã não perceber o quanto estava doendo a saída dela aqui de casa.
Ontem veio aqui em casa. Buscar algumas coisas... As que foram lembradas depois... E vejo como minha irmã está realmente bem. Fez bem para ela sair daqui de casa. Não se preocupar mais com tanto serviço que nunca tinha fim. É uma casa muito grande mesmo. 
Talvez o milagre aconteça. Talvez. Meu cunhado disse que a verdade é que embora eu tenha consciência que devo vender minha casa (principalmente pela necessidade do filho primogênito) e saber que muito mais eu com a saúde tão fragilizada... No entanto... No meu coração (minha vontade...) eu quero ficar. É verdade. 
Sei que vai chegar o tempo que de fato não vou mais dar conta. Mas por enquanto... Como sempre... Vou levando...
De ontem para cá já comecei a fazer algumas coisinhas... e isso está me fazendo bem. São minhas coisas. Gosto de trabalhar em casa. Gosto do serviço do lar. Não vejo que seja ruim. No entanto é a enfermidade que me leva ao desespero.
Também considero que não sendo mais jovem o corpo também vai dando sinais do cansaço dos longos anos... 
Mas não tem outro jeito porque a vida segue. Segue velozmente. Parece que não... Tenho tanto tempo de sobra jogada em uma cama... No quarto... O tempo para mesmo quando paramos. 
Ia na Santa Ceia... Estava a caminho... Desisti. Simplesmente. Primeiro foi a roupa (estou muito gorda), depois foi a TV que meu sobrinho trouxe (fiquei irritada porque não era preciso ver meu sobrinho passar tanto trabalho... e acabou nem "ligando". Pedi que levasse de volta... Afinal era do irmão... Não tinha sentido... Um querido! Ele disse que estava indo para outro lugar... Que depois então viria buscar...) Agora estou vendo a TV (não entrou em sintonia com o pacote claro... mas ele não soube instalar...)Enfim... enfim... enfim... Aí lutando comigo mesma decidi no impulso já decidido ir na Igreja. Nem bem sai umas meninas que vivem me chamando para pegar a bola... Viram o rosto para mim. Até mesmo a mais meiguinha... (rsrsrs... mania de perseguição... Não. Claro que não. É que não entendo. Tem uma garota mesmo que me chama e não olha para mim. É impressionante. Para mim é falta de educação. 
Certamente estão aborrecidas comigo. Porque nas duas últimas vezes que chamaram para pedir a bola eu falei isso... Além de estarem me chamando para pegar a bola... Aí então sabem o meu nome... Depois então viram o rosto. Nossa. Meninas de talvez 11 a 14 anos... Eu com 56 anos... Tolerância zero da minha parte. Também não faço muito para ser mais simpática. Enfim... 
Tudo isso me irritou... Quando ia  atravessar a sinaleira... Minha outra irmã ligou... E foi "tudo". Tudo para eu desistir. Votei para casa. Aborrecida comigo. Poderia ter ido na Igreja. Eu precisa tanto ir. Mas apesar disso optei em não ir. Naturalmente que não estou nada bem. 
Mas bem ou não... A vida segue. Não tem como ser diferente. Em Nome de Jesus.

05.11.14  (13.17)

sábado, 1 de novembro de 2014

UMA BUSCA INCONTROLÁVEL...

Quando fico assim vou buscar as letras das músicas que me levam as minhas lembranças a suavizar a saudade que sinto do meu filho.
Deixou tanta saudade. Deixou um adeus dizendo eu te amo. Ouço sua voz... Ouço o barulho do portão... Ouço minha voz pedindo para ele voltar. Para não demorar... Eu te amo meu filho. 
Não voltou mais. Eu fui ao seu encontro. Sem mais ouvir sua voz. Eu continuei falando meu amor por você. Seu sono eterno. Minha criança. 
Não deveria ter sido assim. Ainda posso ouvir sua voz dizendo eu te amo. Ou me deixa viver mãe. Me deixa viver. Não pude impedir sua morte. 
Uma criança no corpo de um homem. Um homem sendo homem amando sua garota. Sua alegria. Sua disposição. E seus medos escondidos no seu bom humor. 
Fui tão tola. Tantas vezes egoísta. Esperei de você o que você não poderia retornar. Pressionei. Lutei. Briguei. Me arrependi. Me culpei. Morri. 
Não foi só você que morreu meu filho. 
Saudades. Tantas saudades. Dói. Machuca. Busco letras de músicas que você cantava para mim... Umas eu encontro... Outras me desespero querendo ouvir o som do seu coração... Não é a letra... Não é nada disso... É apenas o incontrolável desejo de abraçar você. 
De dizer mais uma vez eu te amo. Ouvir mais uma vez eu te amo mãe. Me espera que eu volto logo. Talvez eu pudesse dizer que se eu pudesse teria ido com você. 
Essa busca incontrolável de sentir que poderia mais uma vez abraçar você. De dizer que sinto muito por tantas coisas. Embora tenhamos falado tantas vezes... Que tempo lindo que Deus permitiu para você antes da sua partida. Me despedia todos os dias de você meu amor. 
Meu Deus que dor insuportável. Uma busca incontrolável. Um dia vai acabar. Um dia com certeza tudo isso vai acabar. 

01.11.14  (23.59)
Estou com o choro preso ao coração. Talvez seja de tanto ter segurado para demonstrar serenidade com o que está acontecendo. E o que está acontecendo? Não é desse jeito mesmo? A vida segue. A vida não espera. 
Hoje meu cunhado disse tudo. Eu simplesmente espero "um milagre". Eu não tenho escolha. Não posso fazer diferente. Não dá mais para usar de subterfúgios... Na força do braço... Na força da emoção... 
Ouvindo tudo o que ele me disse... Como foi que vieram para cá... Não importa realmente como foi... Eu sempre faço a escolha de dizer que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8. 28)
Se eu falasse o meu jeito do sim sim não não poderia afetar (abalar) naquilo que foi passado... Que interessa? Que importa agora?
Deus é testemunha que eles poderiam ter ficado comigo para sempre. Para sempre. Eu por um tempo acreditei que seria assim... Mas depois percebi que não... Que era um tempo... Um tempo determinado... Não sabia que seria tão rápido... Evitei o máximo para despedidas. 
Como será daqui para frente? Não sei. A vida segue. Dia após dia. Um dia de cada vez. Quem sabe hoje por um "milagre" eu durma? Quem sabe amanhã me levanto bem? Quem sabe foi no Culto da manhã? Quem sabe?
É quem sabe. Eu falo e me coloco sempre nessa posição... Mas no fundo eu quero largar tudo isso. Largar tudo. Recomeçar um vida diferente. Sair. Viajar. Ter uma nova chance.
Ainda sofro consequências de uma escolha errada. As feridas secaram. Ou talvez eu esteja sempre querendo me iludir que fiquei curada. Essas dores insuportáveis no corpo certamente são resultados de tanto sofrimento. Foi tanto sofrimento. Tanto desespero. Tanta loucura. Um inferno chamado vida. Uma vida chamada inferno.
Não é a morte. É a vida. Eu clamo por vida. Mas estou sempre aprisionada em meio a dor e sofrimento. Em confronto com o que sou. Com o que não sou. Com o que esperam de mim. 
É uma luta desenfreada dentro de mim. Porque não é a morte. O grito é pela vida. 

01.11.14   (23.16)

A VIDA SEGUE...

Eu não deveria ficar chateada com algumas coisas em relação as reações de um filho... Eu também tenho reações bastante inesperadas e duras muitas vezes. Eu tenho a idade que de fato chega o tempo de amadurecimento em todos os sentidos. Mas não posso esperar que seja assim para ele. 
Acho que de muito falar as palavras começam a ficar  sem vida. Atitudes muitas das vezes falam mais do que palavras. Não adianta falar e falar... Dizer que está junto... Que pode contar... Etc... E no momento que é preciso materializar tais manifestações... Não acontece.
Mas procuro dizer  que estou dando a chance de mostrar que eu estava errada e que com ele agora pode ser diferente. Porque repetir os mesmos erros? Porque ter sempre o prazer de dizer que é assim? Que foi sempre assim? E que tem que ser do jeito dele. Impossível ser do jeito dele. Impossível. 
Mas ele não alcança. Entende sim. Mas não alcança. Como pode passar na cabeça do meu filho que poderia agora vir morar comigo para que eu não fique sozinha. Que agora é diferente. Que passado é passado. E já que houve perdão vamos seguir em frente. 
Tudo que houve dessa vez conosco foi tão difícil. Tão sofrido. Tão inexplicável. Naturalmente que passou. Eu o amo. E sei que me ama. Somos família. Mãe e filho. Mas não tem como morar junto. Quando ele está comigo a inquietação e o estresse é tão visível. E nada pode contrair o que ele é. O que ele pensa. Se fala ele reagi dizendo que eu o coloco para baixo. 
Isso em menos de uma hora juntos... Com o filhinho... Seu linguajar... E meu neto imitando suas falas... Não. Tudo para eu ficar convencida que é impossível nem mesmo tentar. No fundo eu sei que não é exatamente eu (o ficar sozinha). Se realmente fosse seria diferente. Seria por amor. Por amizade. Por cuidados mesmo. 
Nem com esse nem tão pouco com o outro. Acho que é assim mesmo... Ao saírem de casa se tornam totalmente independentes. E poderia ser assim mesmo. É fato. São adultos. Pessoas singulares. No entanto falta o "bom relacionamento curado". 
Mais uma vez estou sozinha. E é opção mesmo. Eu não diria que é exatamente opção. Não escolhi ficar viúva. Não escolhi ficar doente. Não escolhi enterrar um filho. Não houve o direito de optar. Faz parte de uma vida. No entanto posso saber exatamente o que eu não quero mais para minha vida. Posso até não fazer mais planos. Mas eu quero apenas viver em paz. Respirar paz interior. Não viver tumultuada com ofensas. Atritos. Confusões do disse me disse ou que não deixou de dizer... Essas coisas de relacionamentos conturbados mesmo. Minha porção paguei com juros muito altos. Agora eu quero paz. 
Quero o bem dos meus filhos. Dos meus netos. Mas acima de tudo eu quero ter o resto do tempo que está determinado para mim com paz. Eu só quero paz. 
Ouvindo minha mana falando do que houve com ela meu coração disparou. A indignação tomou conta da minha alma. Ingratidão de um filho é um pecado mortal. Fere os princípios de Deus. Fere os melhores sentimentos de uma mãe. 
Mana eu meu cunhado estão saindo hoje... Estou em lágrimas por dentro... Me segundo para me mostrar forte. Sei que é o melhor para ambos. No entanto meu coração chora. Meu coração realmente chora porque sinto (e sei) que não é o momento. Mas a decisão já veio de muito tempo... E eu sabia que eles não ficariam para sempre comigo. Era para ser diferente. Foi falado tantas coisas... Mas as circunstâncias abalaram todo o processo. Abalou a fé. 
Louvo a Deus pela vida deles. Por um tempo de união (comunhão) que tivemos. E sei que apesar de me sentir assim Deus está no controle da vida deles e cuidará deles. Em Nome de Jesus.

01.11.14         (14.24)